quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Sobre ser tia aprendiz e à distância

Me tornei tia, pela primeira vez, em 09 de janeiro de 1984.
A vizinha, coitada, não dormiu porque eu e minhas amigas passamos a noite acordadas, conversando, rindo e esperando ansiosamente as noticias que só vieram pela manhã.

Quando a princesa chegou na casa da vovó, onde ficaria hospedada nos seus primeiros dias, a casa estava toda enfeitada de papel higiênico rsrsrsrsrs...Eu tinha 16 anos gente! Minha forma de expressar amor passada pela piada sem graça, mas o que havia ali era amor.

Uma forma de amar, tão pura e desinteressada, desconhecida para mim até aquele momento e graças a três irmãos muito sintonizados esta sensação, de amor que tomou conta de mim, se repetiu em 21/05 e 19/07 do mesmo ano...

E minha vida de tia seguiu crescendo em 84, 85, 87, 90, 98.... Estes presentes em forma de sobrinhos e afilhados vieram dos irmãos, da amiga-irmã, das amigas da família, da cunhada, da comadre, dos sobrinhos mais velhos.... e hoje, abençoada, para contar os meus amores, de sangue e de coração, preciso de mãos e pés!!!! Muito bom!!!!

Sobrinhos-netos já são três. Uma linda e meiga Maria, já com 8 anos, uma princesa que ainda não conheço e Luca que está chegando em dezembro. Amo ser avó. A quem me critique corrigindo-me como Tia-Avó. Tô nem ai. sou vó, melhor Titivovó...

É tanto amor que tenho dentro de mim pelo simples fato deles existirem.
Eles são um presente de vida.

Da primeira turma vivi dupla personalidade. Eu era tia que levava para passear, que descolava brinquedos diferentes, que fazia decoração de Natal para eles, que curtia Páscoa, dia das crianças e fazia festa de aniversário e decorava bolo. Ao mesmo tempo era a tia que punha limite, brigava e representava a avó paterna.

Minha mãe, e eu entendo, não queria pegar no pé deles quando subiam no sofá ou jogavam comida fora no vizinho. Avó paterna né?! Eu acabei assumindo este papel. Ajudei a avó e queimei meu filho...(ainda não havia feito terapia rsrsrs). Certo ou errado, justo ou não. Este "mancha" ficou.
Sei e sinto que eles me amam, mas a critica é certa quando os assuntos de família e passado tomam lugar à sala.

Ainda acredito que limites são necessários, mas mesmo 15 anos depois, quando me tornei mãe ainda patinei e patino neste quesito: Forma e intensidade. Este é a pergunta que não cala dentro de mim até hoje? Qual a forma e a intensidade quando é preciso colocar limite/repreender, ensinar?!?
Como não saber aplicar esta regra com a mesma beleza do amor que sinto?!
Carma e aprendizado de vida!!!

Da segunda leva de presentes em forma de gente, 98 a frente, convivi menos, afinal me mudei para longe da família. E o amor é menor, menos intenso?!. Não é igual. Só que agora, 'terapeutizada" o que me aflige é a distância. É não estar lá nos dia ruins para dar colo. É ter perdido alguns aniversários, o período da janelinhas, é não ter feito noites de pijama com elas, as festas de escola das sobrinhas, afilhadas,,,enfim. Tia também tem apego e culpa gente, sorry.

Porém como não há como reviver o passado e nem sofrer pelo futuro, o meu presente hoje é este.
Sou tia fisicamente distante que fica tentando participar de tudo ainda que só virtualmente. Tia que  fica daqui pensando em cada um, imaginando como estão, querendo conversar. Tia que fica feliz quando fica sabendo das boas novidades e conquistas... Preocupada com aquele sumido, que quase nunca aparece. Sou tia que se nutri dos beijos, abraços e amor nos fins de semana juntos, fotos da rede e mensages do "zap", E, confesso: ainda sonho em ganhar na Mega Sena e levar todos para a Disney comigo... fazer o quê?! sonho mesmo.

Nos projetos/sonhos de Tia, no futuro, há uma casa próxima deles, daquelas que todos se sentem à vontade para chegar, para deixar os rebentos nos dias de aperto. Aquela casa que vai reunir a família toda no Natal, no Halloween, na Pascoa... Vai ser casa de festa e de aconchego.
Teremos momentos felizes e inesquecíveis neste nosso lar.
E neste casa eu vou morar, tendo-os próximos de mim.... Amém.

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